Alunos desenvolvem projeto e criam canudinho de pasta de banana e água
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Versão biodegradável de canudo de plástico é alternativa para o meio ambiente. Projeto foi desenvolvido por alunos do Colégio Estadual João Netto de Campos, em Catalão
A imagem do sofrimento de uma tartaruga, encontrada agonizando com um canudinho de plástico enfiado no nariz, impactou tanto a estudante Luana Rodrigues Silva que, a partir daí, ela começou a pesquisar alternativas que pudessem substituir aquele que se tornou um dos grandes vilões do meio ambiente nos últimos anos.
Em busca de soluções para o problema, Luana ficou conhecendo uma experiência que tinha grandes possibilidades de ser replicada no lugar onde mora, a Fazenda Pé do Morro, no município de Catalão. O experimento que inspirou a versão goiana do canudinho biodegradável foi feito por outra jovem estudante: Maria Pennachin, de 17 anos, aluna da rede pública estadual na cidade de Campinas, no interior de São Paulo.
“Eu estava pesquisando na internet sobre polímeros naturais e encontrei uma reportagem sobre essa menina, que tinha obtido sucesso ao produzir um canudinho com a massa de inhame. Então eu vi que podia fazer algo semelhante e mais fácil por aqui”, explica Luana.
Filha
de um funcionário da Fazenda Pé do Morro, Luana é aluna do Colégio Estadual
João Netto de Campos, no Bairro Nossa Senhora Mãe de Deus. Com o trabalho
intitulado ‘Biocanudo’, ela e os colegas Luiz Sávio Santana Ribeiro e Bianca
Alves Rodrigues conquistaram o primeiro lugar (categoria Ensino Médio) na 8ª
Feira de Ciências da Universidade Federal de Goiás (UFG), campus Catalão.
Três boas experiências
A Feira foi realizada no dia 6 de novembro e das 122 experiências inscritas, 57 foram de alunos da rede pública estadual. A escola de Luana apresentou três projetos científicos: o canudo feito a partir da polpa da banana, o tijolo ecológico feito a partir da borra de café e o plástico biodegradável. Mas apenas o biocanudo foi premiado. Alunos e professora receberam medalhas, troféus e uma caixa de som Bluetooth.
A orientadora da pesquisa, idealizada por Luana, foi a professora de Química, Alynne Lara de Souza. Formada em Ciências com habilitação plena em Biologia, pós-graduada em Docência Profissional, mestre em Química e cursando Matemática e Engenharia Ambiental, Alynne leciona no Colégio Estadual João Netto de Campos há dez anos.
Entusiasmada com a conquista dos três jovens estudantes, Alynne acredita que o primeiro lugar na Feira de Ciências da UFG contribui muito para agregar valor aos currículos dos alunos que, além dos prêmios, medalhas e troféus, ganharam um certificado de participação.
Luana
é só elogios à professora. “Ela é excelente. Nos deu total apoio o tempo todo; ajudou
a tirar dúvidas. No começo pensamos em desistir, mas ela disse que tínhamos um
bom projeto e não podíamos perder essa oportunidade. Alynne é uma das melhores
professoras que temos. Eu sei que podemos sempre contar com ela, pois ela está
sempre disposta a nos ajudar”.
Incentivo à carreira
Aluna do 3º ano do Ensino Médio, Luana diz que o sucesso de sua experiência trouxe mais estímulo para seguir carreira profissional nas áreas de Biologia e Química. “São dois ramos com os quais me identifico muito e são cursos que eu posso fazer aqui mesmo, na UFG, sem ser necessário deixar minha família”.
Segundo a estudante, a primeira tentativa de produzir o biocanudo foi feita com polpa e casca de banana da terra, mas experiências posteriores comprovaram que qualquer espécie do fruto dá o mesmo resultado. "E tanto pode ser banana verde ou madura. E também não tem nenhum sabor”, comenta ela.
Luana destaca que, em ambiente marinho, a descoberta pode servir de alimento para os animais e, caso isso não aconteça, o período de decomposição varia de 15 a 30 dias. A estudante conta que sua intenção e a de seus dois colegas foi criar uma alternativa viável ao plástico com o uso de polímeros naturais, que, no caso, foi a celulose da qual a banana é rica.
De Goiás para o mundo
Lá
no início, quando viu que era possível criar uma versão biodegradável do canudo
de plástico com a massa de inhame, Luana diz que se sentiu estimulada a
reproduzir a experiência de Maria
Pennachin a partir dos materiais que tinha em casa. “Fui ao quintal,
peguei bananas verdes, cozinhei com casca e tudo. Triturei no liquidificador,
acrescentei uma pitada de corante e com essa pasta modelei o canudinho. E deu
certo!”.
E foi assim que nasceu, dentro de uma escola estadual no interior de Goiás, uma das versões mais simples, práticas, econômicas e totalmente sustentáveis do canudinho de plástico, um problema ambiental que assusta a humanidade e é responsável pela morte de milhares de animais marinhos todos os anos, sem contar na poluição que gera.