Com proposta humanizadora, Cepi Pedro Gomes está entre melhores escolas de tempo integral do Brasil

Detalhes

Laboratório de ciências do Cepi Pedro Gomes

Diferenciais do Cepi Pedro Gomes, classificado na pesquisa educacional, são as disciplinas eletivas, atividades extracurriculares e o Projeto de Vida.

 

O Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Pedro Gomes foi classificado como uma das melhores escolas de ensino integral do Brasil, no estudo Excelência com Equidade no Ensino Médio, realizado pela Iede, Fundação Lemann, Itaú BBA e Instituto Unibanco. O diretor da unidade, José Gomes Neto, irá compartilhar as experiências de sucesso do Cepi em evento do Centro de Educação do Insper, nesta quarta-feira, 25/9, em São Paulo. No encontro, os estudos que mapearam o ensino médio no país são lançados oficialmente.

O Ensino integral permite que as pessoas que chegam aqui sem perspectiva de vida, sem perspectiva de futuro, saiam daqui com sonhos.

Geovanni Alves, estudante

Em entrevista ao jornal Estadão, o diretor expôs que o diferencial do Cepi está nas atividades extracurriculares, nas disciplinas eletivas (optativas), que proporcionam liberdade ao aluno para montar sua grade curricular, nas aulas de Pós-Médio (voltado para o Enem e vestibulares), no relacionamento mais próximo com os professores, e no programa Projeto de vida, que trabalha o autoconhecimento, a identidade e as perspectivas de futuro do estudante.

 

“Essa história que a gente ouve de que a escola

escolariza e a família educa... é uma balela. Os depoimentos dos alunos sobre a

escola não enaltecem as matérias, as aulas, e sim o respeito, as amizades, os

professores”, argumentou o diretor. Segundo ele, por passarem mais tempo no

colégio, os estudantes de escolas em tempo integral acabam criando vínculo

maior com seus docentes.

“O ensino integral, a nossa metodologia, não é uma coisa só voltada para conteúdo, matéria, é voltada para uma formação completa, formação de caráter da pessoa. E permite que as pessoas que chegam aqui sem perspectiva de vida, sem perspectiva de futuro, saiam daqui com sonhos, com projetos de querer ir além daquilo que já tem”, relatou o estudante Geovanni Alves, do 3º ano do ensino médio.

 

Professores & alunos

A estudante Rayane Aparecida, do 2º ano, confirmou essa relação de proximidade e admiração com os professores. Ao contar o motivo da sua escolha por certa professora como tutora (espécie de mentor educacional que cada aluno possui durante o ano), Rayane afirmou que sua professora é forte e inspiradora. “Ela sempre me motiva. Ela sabe que eu quero ser estilista, e ela pergunta: e aí? Você quer passar para qual faculdade?

 

Adolescentes interagem no intervalo vespertino, no pátio do Cepi Pedro Gomes. (Foto: Melissa Calaça)

 

“Ela me inspira a ser uma pessoa melhor, sabe? Ela sempre me motiva, fica sempre falando quantos dias falta para o Enem”, sorriu Juliany Arruda, do 3º ano. “Ela sempre está em cima. Alguns alunos acham que é chatice, mas para mim é algo bom, porque demonstra que ela se preocupa”.

Vêm muitos alunos da rede particular; porque se tem uma escola pública de qualidade e tem uma boa estrutura... Por que não?

José Gomes Neto, diretor do Cepi Pedro Gomes

 

Desafios do tempo integral

“Acho que a reação de qualquer um, quando fala que vai para escola em tempo integral, a gente já pensa: meu Deus, socorro! Mas acaba que não é tanto assim. É bom. Não é só matéria pesada, tem outras coisas”, ponderou Rayane. “Os primeiros meses são os mais cansativos. Mas depois se acostuma”, confessou Geovanni.

“Eu queria ir para um colégio de horário parcial, mas pensei que poderia ser uma oportunidade para mim estudar em tempo integral”, explicou Geovanni, que reconhece que muitos colegas seus preferem o período parcial por acharem cansativo ou porque têm que trabalhar. A questão do sustento familiar também foi comentada pelo diretor, quando se referiu aos alunos que saem do Cepi.

“Quando o caso é para trabalhar, a gente chama os pais para conversar, para entender. Se esse trabalho é necessário para a sobrevivência da casa, a gente muitas vezes fica sem condições de ter alguma coisa para oferecer. Apesar de já ter professores aqui que pagaram o sitpass do aluno o ano inteiro, da escola fazer todo mês campanha de cesta básica... Essas coisas são comuns na escola para tentar manter o aluno”, revelou o diretor.

Outro desafio apontado por José Gomes Neto é o orçamentário, uma vez que a escola em tempo integral demanda mais recursos, mais material pedagógico e mais refeições. No entanto, ele enfatiza que a coordenação da escola faz uma boa administração da verba destinada pelo Governo Federal (PDDE) e pelo Estado (recurso pró escola) , garantindo, assim, a efetividade dos serviços.

Sobre o fluxo de alunos que entram para o Cepi, o diretor destaca pessoas de outras cidades e estados, egressos da rede municipal e também da rede particular. “Vêm muitos alunos da rede particular – muitos porque em detrimento da crise os pais já não conseguiam manter os filhos da rede particular, mas muitos decidiram vir para cá porque se tem uma escola pública de qualidade e tem uma boa estrutura... Por que não? Então muitos optam por vir cá porque querem”, diretor José Neto.

 

Clique aqui para ler a matéria especial do Estadão.