Roda de Conversa na Agro Centro-Oeste Familiar foca desafios da agricultura familiar como fornecedora de produtos para a merenda escolar
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“Hoje o maior desafio que o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) enfrenta é a falta de políticas públicas para orientar
os agricultores e incentivá-los a fornecer seus produtos para o PNAE, que, sem
dúvida alguma, é um grande cliente para a agricultura familiar, já que o repasse
do dinheiro é garantido pelos governos municipal, estadual e federal”.
A opinião é da gerente da Merenda Escolar da
Secretaria Estadual de Educação de Goiás (SEDUC), Fátima Vauldimar, que
participou na sexta-feira (31/5) de uma Roda de Conversa na Agro Centro-Oeste
Familiar com o tema “Chamada
Pública da Agricultura Familiar”. O evento foi realizado no Centro de
Cultura e Eventos da UFG e reuniu representantes das Coordenações Regionais de Educação, Sindicato dos Trabalhadores em
Educação do Estado de Goiás (Sintego), Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(Conesam), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Conselho de
Alimentação Escolar (CAE).
Representante da secretária de Educação, Fátima
Gavioli, Vauldimar destacou que não adianta falar em agricultura familiar ou na
compra ou venda de produtos para a merenda escolar, se esses agricultores não contarem
com o necessário apoio para participarem desse processo. “Todos nós sabemos da
existência de atravessadores, que se passam por agricultores familiares e
fornecem os produtos às escolas. Isso acontece a todo momento”, frisou.
Autonomia
Após
destacar a importância dos agricultores familiares para abastecer não só a
merenda escolar, mas a mesa dos consumidores brasileiros, a gerente da SEDUC lembrou
que o gargalo da ausência de políticas públicas não acontece só em Goiás. “Essa
é uma realidade em nível de Brasil, pois já ouvi essa mesma queixa de outros
gestores. Queremos que o agricultor familiar conquiste autonomia social e
financeira porque essa autonomia também criará empoderamento das famílias e do
próprio município onde ele atua”, salientou ela.
Fátima
Vauldimar ressaltou também que o Governo de Goiás, por meio da SEDUC, tem
priorizado a capacitação das merendeiras e das coordenadoras da merenda em
todas as escolas da rede pública estadual, sendo que mais de 2 mil
profissionais já passaram pelo processo de formação. Ela salientou ainda que
Goiás foi o primeiro Estado brasileiro a descentralizar os recursos da merenda,
dando aos gestores maior autonomia para cumprir a legislação, que determina a
aquisição de, no mínimo, 30% de produtos da agricultura familiar para a
alimentação escolar.
Agroecologia
Luiz
Humberto Silva, representante do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), elogiou os esforços da Secretaria Estadual de Educação, por meio da
Gerência da Merenda Escolar, no sentido de cumprir a lei federal. Ele frisou
também que, nesse sentido, em 2017 o Estado de Goiás conquistou o nono lugar no
ranking nacional na compra de produtos da agricultura familiar para a merenda
dos alunos da rede pública estadual.
“Uma
de nossas prioridades é realizar um trabalho com muita seriedade e transparência”,
reforçou a gerente. Fátima Vauldimar também disse considerar a lei estadual nº
20.394/2019, sancionada pelo governador Ronaldo Caiado em janeiro deste ano, um
avanço importante. Pela nova lei, a merenda servida aos alunos da rede estadual
deve incluir, de preferência, alimentos orgânicos ou de base agroecológica.
Por
fim, ela frisou que a Gerência da Merenda Escolar da SEDUC está trabalhando no
sentido de contribuir na articulação com os agricultores familiares de Goiás
para a produção de alimentos de origem orgânica. “Apesar desses produtos serem
um pouco mais caros que os demais, tendo em vista a per capita da merenda, há
uma necessidade de incluir uma percentagem dos recursos na aquisição desse tipo
de alimento. E isso depende de políticas públicas não somente em nível
estadual, mas também nas esferas municipal e federal”.