Seduce faz homenagem a professora premiada pelo MEC

Detalhes

- Maria de Fátima Farias, do Cepi Pedro Gomes, conquistou 1º lugar na etapa regional e destacou-se como finalista do 11º Prêmio Professores do Brasil

- Premiação demonstra o caráter fundamental da autonomia pedagógica para a qualidade do ensino-aprendizagem

- Em reconhecimento à figura do professor, profissionais da Seduce e estudantes recordam histórias dos mestres que influenciaram suas vidas

A manhã desta quarta-feira, 19/12, foi de homenagens aos profissionais do Centro de Educação em Tempo Integral (Cepi) Professor Pedro Gomes. Em especial, à professora Maria de Fátima Farias, que conquistou o 1º lugar na etapa regional do 11º Prêmio Professores do Brasil, promovido pelo Ministério da Educação (MEC). Ela ainda representou Goiás e a região Centro-Oeste na etapa nacional, ficando entre os finalistas na categoria Ensino Médio. Destaque alcançado entre os mais de 4 mil trabalhos inscritos.

O secretário de Educação, Cultura e Esporte, Flávio Peixoto, fez questão de ir até o Cepi para conhecer e prestar sua homenagem à professora. “Viemos à sala de aula que onde, de fato, é desenvolvido o trabalho da Educação”, disse.

Acompanharam o secretário, o superintendente Executivo de Educação, Marcelo Ferreira; a superintendente de Gestão de Pessoas, Solange Andrade; a chefe do Núcleo  de Modulação e Registros Funcionais, Célia Maria Lopes de Araújo Martins; o coordenador da Crece Metropolitana, Azésio Barreto Sobrinho; a gerente de Avaliação de Desempenho, Jurisleya Pinheiro, que participou da coordenação estadual do Prêmio; além de outros profissionais da Seduce.

Antes de entregar uma placa comemorativa a Maria de Fátima, Flávio Peixoto ressaltou seu entusiasmo ao conhecer o conteúdo do projeto premiado. Intitulado “Formação Superior e Carreira Profissional”, o relato do trabalho desenvolvido junto às turmas de Ensino Médio em 2017 por Maria de Fátima apresentava uma transformação dos estudantes com relação às carreiras que pretendem seguir.

A princípio, 82% dos estudantes das turmas de Ensino Médio do Cepi Pedro Gomes se diziam interessados pelos cursos de Direito, Medicina e Engenharia. Muitos sem saber ao certo o porquê da escolha, o que chamou a atenção da professora.

Ao propor uma imersão no mundo das profissões e das universidades, o quadro foi mudando. Ao final, 32% continuaram decididos por essas áreas, o restante descobriu a vocação, de forma mais consciente, para fisioterapia, geografia, educação física, comunicação social, biomedicina, biologia e administração.

“Você abriu o leque de oportunidades para os alunos, mostrou a riqueza de outras carteiras profissionais. Fez isso muito bem. De 1% de interesse pela área pedagógica, houve um salto para 23% de estudantes interessados em nossa área”, apontou o secretário. “Fico muito orgulhoso e, em nome de toda a Secretaria de Educação, entrego essa placa demonstrando o quanto é importante para todos nós esse prêmio.”

O superintendente Marcelo Ferreira reforçou a credibilidade e o projeto educacional desenvolvido no Cepi Pedro Gomes. O superintendente ressaltou que o Cepi está entre as melhores escolas de Ensino Médio de Goiás. É referência, observou, não só pelo que foi construído no passado, mas pelo que é produzido no presente. “A professora Maria de Fátima teve seu trabalho premiado e, ao meu ver, é um reconhecimento de todos, desde a direção, coordenação, pessoal administrativo e até o coletivo de professores. E fico feliz, honrado, porque faz parte de um coletivo maior que é a Secretaria de Educação”, avaliou Marcelo.

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Para a professora Maria de Fátima (veja o vídeo), a importância do prêmio está muito além de dinheiro, viagem, troféu: é saber que está no caminho certo, contribuindo com os alunos. “Isso é o que mais me motiva e me deixa feliz, o resultado para os alunos. Há vários casos, mas o de uma aluna que queria ser juíza e não sabia o porquê, só dizia que era porque ‘todo mundo falava que era bom’, me chamou a atenção. Hoje ela tem certeza que quer ser nutricionista pela relação dela com a alimentação e pelo desejo de ajudar pessoas a encontrarem o equilíbrio na alimentação”, contou.

Ela estendeu a homenagem aos colegas e destacou a autonomia em sala de aula. “Falo sempre da importância do trabalho coletivo e da autonomia do professor. Gosto muito de ser professora de eletiva, porque temos a capacidade de desenvolver a autonomia docente e promover conteúdos de acordo com a necessidade dos alunos”, avaliou.

Maria de Fátima também lembrou do trabalho do professor de Matemática e Filosofia do Cepi, Johnny Nunes da Cunha. Seu projeto, 'Criação de jogos digitais: uma ferramenta de ensino de Matemática', foi um dos destaques na etapa estadual, dentro da categoria de 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental.

Novas perspectivas é o que o coordenador da Crece Metropolitana, Azésio Barreto Sobrinho, viu na conquista da professora Maria de Fátima. “É interessante porque os professores, a partir desse prêmio da professora, dessas escolas, dizem ‘é possível a gente ganhar’”, comentou sobre o exemplo positivo.

Em maio, Maria de Fátima viaja junto aos vencedores do 11º Prêmio Professores do Brasil para o Canadá.

 

Lições para a vida

A conquista no 11º Prêmio Professores do Brasil engrandece uma trajetória de, até então, 20 anos dedicados à rede pública de Educação pela professora Maria de Fátima. “Sou uma entusiasta da Educação pública. Sou fruto dela”, ressalta, orgulhosa. Maria de Fátima estudou, da alfabetização ao Mestrado, em escolas e faculdades públicas.

Dos tempos em que sentava no banco da escola, a melhor e mais forte lembrança são as dos mestres. “Eles foram verdadeiras inspirações”. Figura marcante, o professor Luís Antônio, que lecionou Português no Ensino Médio, é um dos que ensinaram bem mais que os conteúdos curriculares. “Eu me emociono ao falar dele, que já faleceu. Ele foi uma pessoa importantíssima na minha vida, que me ensinou a acreditar que eu podia. Meu professor acreditava em mim quando nem eu acreditava.”

Seus professores, recorda Maria de Fátima, a ensinaram a olhar a vida de um jeito diferente, a acreditar em um futuro melhor e com mais justiça, igualdade e democracia. “Aprendizado que só foi possível por meio da autonomia docente. Tento todos os dias ser para os meus alunos pelo menos um pouco do que esses verdadeiros mestres foram para mim”, compartilha.

Para ela, um dos valores principais da Educação é justamente a capacidade de impactar pessoas, de transformar mentalidade e construir hábitos e valores. “Não tem como você intervir de forma significativa numa realidade por meio de um currículo pronto, programa já pré-estabelecido. Não tem como separar a autonomia do professor da própria natureza da docência, no meu ponto de vista”, ensina a professora.

 

“Toda transformação passa pela figura do professor”

Os oito quilômetros diários que Maria Versoni, 63, percorria a pé até uma escola rural, no interior de Goiás, estão presentes na memória de José Gomes Neto, 34. Sacrifícios de uma professora que ama a profissão e recebe o reconhecimento de seus alunos por ter sido sempre tão doce e dedicada na arte de lecionar. Quando os pés cansados da jornada tocavam o chão da sala de aula, renovavam-se. Ao longo de 35 anos, ela alfabetizou centenas de crianças. Duas eram seus filhos.

Maria se desdobrou como professora e mãe. É a heroína do terceiro filho, José Neto, a quem sua história tanto influenciou. Dos cinco anos até a conclusão do Ensino Médio, quando foi aluno de Maria, ele já sabia que queria seguir os passos da mãe. “Ela marcou minha vida profundamente. Me ensinou a acreditar que eu poderia sonhar e que a educação me levaria aonde estou hoje. Me ensinou a valorizar o espaço da escola e a entender que toda transformação passa pela figura do professor”, resume o professor de Filosofia e diretor do Cepi Professor Pedro Gomes.

José Neto sente-se realizado com sua profissão, mas preocupado com as recentes discussões sobre a postura do professor dentro de sala de aula. “O primeiro sentimento é de revolta. Passamos por muitas dificuldades diárias e, num momento onde deveriam ser discutidas melhores condições de trabalho, estão levantando questões relacionadas às práticas do professor, acusando nossa categoria de doutrinadora”, lamenta. “Antes de mais nada, isso subestima a inteligência dos alunos, ignorando a capacidade deles de terem senso crítico.”

No Pedro Gomes, professores e alunos constroem, diariamente, uma relação respeitosa e de admiração. A escola vai além da grade curricular obrigatória, oferece aos estudantes muitas disciplinas eletivas e desenvolve projeto de vida, motivando crianças e adolescentes a traçarem metas para a realização de seus sonhos. “Trabalhamos diversos valores humanos e queremos que os alunos se desenvolvam livres de preconceitos, seja ele racial, religioso, sexual ou qualquer outro”, explica o diretor.

Para José Neto, o principal papel do professor é mostrar para os alunos que eles podem ser o que quiserem, e dar condições para isso. “E quando penso em tudo o que está acontecendo, fico triste. Lembro da minha mãe. Será mesmo que a atuação dela era doutrinar ideologicamente os indivíduos? Toda aquela geração que passou por sua sala de aula, e tudo que aprenderam, está sendo colocado em xeque. Nossa profissão é tão bonita, mas, de repente, somos resumidos a doutrinadores.”

 

Nova geração

Maria Luiza Fish, a Malu, acaba de concluir o Ensino Médio aos 17 anos. Natural do sul do país, ela veio com os pais, ainda menina, para Goiânia. Por aqui encontrou na escola “uma família”. Emocionada, confessa que não quer deixar o Pedro Gomes. “Estar aqui é muito bom.” Mas não dá. É vida que segue e para 2019 o projeto é a faculdade de Medicina Veterinária.

A escolha profissional tendeu para a área de biológicas, só que veio de humanas um marcante aprendizado vivenciado por Malu no Cepi Professor Pedro Gomes. Nas aulas de Filosofia ela encontrou um tema que pretender levar adiante, estudar mais, o feminismo. O assunto pautou seu trabalho de conclusão de curso no Ensino Médio e despertou nela a curiosidade e o senso crítico a respeito das relações humanas e suas facetas.

“Uma das coisas mais importantes dentro das escolas são as relações humanas. A relação entre professor e aluno, entre aluno e aluno”, observa. Por ser uma escola de tempo integral, esse convívio é mais intenso e a troca maior. “Os professores nos marcam muito. É necessária essa liberdade que temos com eles dentro e fora da sala, as relações acabam se estreitando e se transformam em amizade.”

É nesse contexto de relação de amizade e confiança que o processo de ensino-aprendizagem se dá. “Dentro da sala de aula, o professor que tem maior liberdade para falar com o aluno, expor novas ideias, consegue trazer não só o conteúdo, mas uma segunda carga em cima desse conteúdo. O aluno vai aprender mais”, argumenta a estudante.

“O professor precisa de liberdade, principalmente na área de humanas, e destacou aqui a filosofia e a sociologia. Não tem como você simplesmente falar, ‘olha, esse aqui é Montesquieu. Ele fez isso, isso e isso’. Não adianta, o aluno não vai aprender”, exemplifica. A partir do momento que privam o professor de falar sobre determinado assunto, acabam privando o ensino e privando os ideais e as relações”, reflete.

Da Filosofia, Malu segue para a Química e comenta a possibilidade do educador de criar e diversificar a aula. Márcio André é o professor da disciplina e foi um mestre que também está marcado na trajetória da estudante. “Apesar de a aula ser de Química, ele trouxe uma forma mais leve de aproximar a matéria do nosso dia a dia”, diz.

 

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