Obras serão incorporadas ao acervo do Museu de Artes Plásticas de Anápolis
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Projeto tem patrocínio do Fundo de Arte e Cultura
A exposição Um acervo em construção, iniciada em 30 de junho e que prossegue até 30 de julho no Museu de Artes Plásticas de Anápolis (Mapa), reúne oito artistas e um coletivo representativos em Goiás, o que desperta a atenção do público para a produção regional contemporânea, influenciada ora pela troca de conhecimento acadêmico, ora pela experiência empírica do autor. O Mapa está localizado na Praça Americano do Brasil, no Centro, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 12, e das 14h às 18 horas.
Mas a exposição vai além. Nove trabalhos do conjunto que integram a mostra e que foram doados pelos artistas serão incorporados ao acervo do Mapa, contribuindo para enriquecer o patrimônio artístico da cidade e fortalecendo as políticas de fomento para as artes visuais. Trata-se de um projeto realizado pela Associação Cultural Motriz e Prefeitura de Anápolis, com recursos do Fundo de Arte e Cultura, da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce).
É uma aquisição importante, pois Anápolis passa a ter trabalhos de artistas significativos para a construção e consolidação da arte contemporânea em Goiás. “Depois do acervo do Centro Cultural Universidade Federal de Goiás (UFG), com certeza o Mapa se torna o segundo mais importante de Goiás”, afirma o curador da exposição, Paulo Henrique Silva, que é também gerente de projetos e curadorias da Secretaria Municipal de Cultura.
Participam da exposição Anahy Jorge, Dalton Paula, Eliane Chaud, Edney Antunes, Enauro de Castro, José César, Yara Pina, Selma Parreira e Grupo Empreza. Destaque para Dalton Paula, que já expôs em diferentes mostras nas principais cidades do país e é o único artista brasileiro a apresentar um trabalho na Trienal do New Museum de Nova Iorque.
Dalton e outros nomes da mostra são professores da Faculdade de Artes Visuais (FAV). Esse é inclusive um conceito pensado pela curadoria da exposição: expor trabalhos de artistas que atuam como professores na instituição, que nas últimas três décadas influenciaram de forma efetiva no cenário das artes plásticas de Goiás, com suas próprias obras ou na formação de novos nomes no mercado institucional e comercial.
“Temos também artistas que mesclam uma trajetória com formação que transita entre a produção de conhecimento empírico e acadêmico”, completa Paulo Henrique. Outro norte do curador para a exposição vem de pesquisa feita por ele do uso do próprio corpo, ou situações e vestígios que remetem ao seu uso, para a produção de trabalhos.
“As obras apresentam o corpo em situações diversas, ora trabalhos que geram questionamentos e se referem diretamente ao uso do corpo, ora sobre as marcas, traços e indícios de sua existência”, explica Paulo Henrique.
No caso de Dalton Paula, o corpo do negro é o elemento central da sua produção – além das referências nas quais ele busca esse corpo, como os subúrbios, as congadas e os terreiros e seus ritos das religiões de matriz africana. Esse também é um traço na trajetória de outra artista presente na exposição, Anahy Jorge: o corpo humano material e espiritual, em um conceito poético que dilui arte, vida e ciência.
O curador diz ainda que os artistas presentes na exposição se dedicam a produções que dialogam entre si, não só porque utilizam mídias em comum, mas, também, por desenvolverem poéticas narrativas que discutem questões de uma sociedade contemporânea.
Devido ao limite de espaço no Mapa e de haver um teto financeiro, a exposição Um acervo em construção é composta por um conjunto enxuto de trabalhos, entre dípticos, trípticos, polípticos, embora sua representatividade para as artes plásticas de Goiás seja significativa.
Os realizadores explicam que as doações serão legitimadas por meio de Termos de Doação assinados pelos artistas, eximindo o Mapa e Secretaria de Cultura de Anápolis, sua mantenedora, de qualquer ônus. Ainda será assinado pelos artistas doadores o Termo de Cessão dos direitos de uso da imagem pelo Mapa e Secretaria de Cultura. Depois de Anápolis, o conjunto de obras segue para Goiânia, para uma mostra a ser realizada entre 1º de setembro e 6 de novembro desta ano.