Inclusão das habilidades socioemocionais na BNCC é um avanço, diz especialista belga

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A inclusão das habilidades socioemocionais na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) representa um avanço na educação brasileira. A opinião é do psicólogo e docente na Universidade de Ghent (Bélgica), Filip De Fruyt, que ministrou palestra em Goiânia na tarde desta terça-feira, 15/5, durante o Seminário Internacional de Habilidades Socioemocionais. “O Brasil não dá um passo à frente, dá dois. Mas esse é só o início de um trabalho que precisa de todos a bordo para dar certo”, disse.

 

Aprovada no final de 2017, a BNCC define um conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos brasileiros devem desenvolver ao longo da Educação Básica. Membro do Conselho Científico do eduLab21, laboratório de ciências para a educação do Instituto Ayrton Senna, Filip exibiu durante a sua palestra alguns dados sobre as habilidades socioemocionais – e mostrou, de forma prática, como o seu desenvolvimento auxilia na educação integral do ser humano.

 

De acordo com o psicólogo belga, o mundo atual, ou “Vuca”, impõe às pessoas vários desafios que, por sua vez, exigem preparo para que sejam enfrentados. Traduzindo do inglês, Vuca significa volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. “Um dos desafios desse novo mundo é a alfabetização socioemocional. Metade dos alunos de hoje vai viver cerca de 10 anos a mais, o que os colocam mais tempo no mercado de trabalho. Será que a educação é capaz de preparar os nossos jovens para uma carreira de 50 anos, por exemplo?”, questionou.

 

Para Filip, somente o desenvolvimento das habilidades socioemocionais pode preparar os jovens para os desafios, sejam quais forem. Conforme destacou, o Instituto Ayrton Senna criou um modelo (que está em fase de implantação na Seduce) com 17 blocos constituintes e cinco pilares, o que ele chamou de “caixa de ferramentas”. Nela estão alguns aprendizados indispensáveis para se abordar no contexto escolar, como curiosidade para aprender; imaginação criativa; interesse artístico; determinação; organização; foco; persistência; responsabilidade; respeito; tolerância e engajamento social.

 

Sobre a aplicabilidade de tais competências, o psicólogo exemplificou construindo um cenário de bullying. “O que queremos alcançar é que os observadores do bullying desenvolvam responsabilidade. Eles precisam ver que algo não está correto. Precisam demonstrar empatia por aquela criança que está sofrendo bullying e formar uma base de proteção. Isso requer, também, empatia e assertividade. E só aqui nós trabalhamos três competências que estão na caixa de ferramentas”, explicou. Nesse caso, a vítima do bullying precisa desenvolver habilidades como autoconfiança, e o agressor, respeito.

 

O resultado dessas habilidades socioemocionais, destacou Filip, surge em curto, médio e longo prazo. No campo da Educação, as consequências são sociais, intra e interpessoais, saúde física/mental e empregabilidade. “Primeiro, teremos pessoas com senso de sustentabilidade, consciência de voto, respeito às culturas. O segundo está relacionado a qualidade de vida, resiliência e boas relações familiares. Já o terceiro tem a ver com o zelo pelo corpo, pelos hábitos saudáveis. Finalmente, empregabilidade está ligado à posição no mercado de trabalho e desdobramento da carreira”.

 

O Seminário Internacional de Habilidades Socioemocionais foi promovido pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), em parceria com o Instituto Ayrton Senna. Participaram do evento cerca de 600 diretores escolares, além de tutores educacionais, coordenadores regionais e superintendentes. O objetivo foi expandir o conhecimento acerca do tema, uma vez que ele está em fase de implementação em 137 escolas estaduais.

 

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