Seminário internacional atualiza diretores goianos sobre habilidades socioemocionais

Detalhes

- Especialistas em Educação falaram sobra a importância de incluir o assunto no currículo escolar;

- Tema consta na BNCC e passa por implementação em 137 escolas goianas;

 

Cerca de 600 diretores de escolas estaduais participaram na tarde desta terça-feira, 15/5, do Seminário Internacional de Habilidades Socioemocionais, em Goiânia. O evento reuniu grandes especialistas em Educação e teve como objetivo mostrar a importância de desenvolver as habilidades socioemocionais nas escolas. O tema é tão atual que consta nas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e já está em fase de implementação em 137 escolas da rede pública de Goiás.

 

Realizado no auditório da Universidade Alfa, o seminário foi promovido pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce), em parceria com o Instituto Ayrton Senna. Além dos diretores, também participaram tutores educacionais, coordenadores e superintendentes. Na abertura, o secretário Marcos das Neves disse que a Seduce está “cada vez mais voltada para a formação integral dos estudantes”. Citou como exemplo o Aprender +, que tem um capítulo inteiramente destinado às competências socioemocionais. Foram distribuídos 1,8 milhão de cadernos este ano.

 

Os palestrantes do seminário foram: Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper; Filip De Fruyt, psicólogo e docente na Universidade de Ghent, na Bélgica; e Raquel Teixeira, ex-secretária de Educação e professora aposentada de linguística da Universidade Federal de Goiás (UFG).

 

Paes de Barros abordou o tema “Competências socioemocionais e sua importância para a escola, a vida e a inserção no mundo do trabalho”. De acordo com ele, o desenvolvimento pleno do ser humano passa pelas competências socioemocionais e “o desafio da educação no século 21 é fazer o estudante sonhar e buscar a realização dos seus sonhos”.

 

Já Filip De Fruyt falou sobre pesquisas científicas que tratam do assunto na atualidade, quais resultados elas apresentam e como podem ajudar nas práticas cotidianas das escolas. O psicólogo elogiou o fato de as habilidades socioemocionais constarem na BNCC, documento que define um conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da Educação Básica. “O Brasil não dá um passo à frente, dá dois. Mas esse é só o início de um trabalho que precisa de todos a bordo para dar certo”, disse.

 

Encerrando a tarde de palestras, a ex-secretária Raquel Teixeira tratou do tema como as competências socioemocionais podem ajudar a rede pública de educação em todo o Brasil a superar seus desafios. Disse que “todas as ações em Goiás têm sido focadas na educação integral do aluno, não apenas no sentido de tempo integral, mas no seu desenvolvimento pleno”. Citou como exemplos os projetos Avaliação Dirigida Amostral (ADA) e a Caravana Aprender + e o caderno Aprender +, além do projeto de alfabetização socioemocional.

 

Entenda as Competências socioemocionais

São um conjunto de capacidades individuais do ser humano que dão base para que ele mobilize, articule e coloque em prática conhecimentos, valores, atitudes e habilidades para se relacionar com os outros e consigo mesmo; estabelecer e atingir objetivos; e enfrentar desafios de maneira criativa e construtiva. São manifestadas em pensamentos, sentimentos e comportamentos, e seu desenvolvimento se dá ao longo da vida, com base nas experiências formais e informais que o indivíduo vivencia.

 

Estudos internacionais e nacionais ressaltam a relevância das competências socioemocionais para a vida escolar e futura dos estudantes. Essas pesquisas apontam a existência de correlação entre algumas competências e a melhoria do aprendizado e do ambiente escolar. O desenvolvimento dessas competências favorece, por exemplo, o aprendizado em disciplinas como Língua Portuguesa e Matemática, e tem influência na permanência do aluno na escola, na diminuição de ocorrências de violência e de bullying nas escolas, e em uma série de outras conquistas e realizações ao longo da vida.

 

As pesquisas também destacam efeitos positivos do desenvolvimento de competências sobre aspectos sociais, como empregabilidade, saúde, diminuição da violência, entre outros.

 

Existem diferentes modelos que visam a organização operacional das competências socioemocionais. No caso do Instituto Ayrton Senna e do Diálogos Socioemocionais, a matriz de fundamentação são cinco macrocompetências que resumem, de modo abrangente, a variação de competências socioemocionais existentes e identificadas em diversos contextos, localidades e culturas, como mostram pesquisas empíricas feitas a partir da década de 1960. Essas cinco macrocompetências são: abertura ao novo, autogestão, engajamento com os outros, amabilidade e resiliência emocional.

 

A partir delas, pesquisadores do eduLab21 destacaram 17 competências importantes para serem desenvolvidas no ambiente escolar. Essas foram medidas e validadas considerando especificamente o contexto cultural brasileiro. São elas: determinação, organização, foco, persistência, responsabilidade, iniciativa social, assertividade, entusiasmo, empatia, respeito, confiança, tolerância ao estresse, tolerância à frustração, autoconfiança, curiosidade para aprender, imaginação criativa e interesse artístico.

 

Tema na BNCC

Devido à sua relevância, o tema foi inserido na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O documento, aprovado no final de 2017, estabelece a educação integral como sua premissa e define um conjunto competências que devem fazer parte do aprendizado dos alunos da Educação Infantil até o final do Ensino Médio para as demandas complexas da vida, do mundo do trabalho e para o exercício pleno da cidadania.

 

Bem como a BNCC, pesquisas científicas apontam que o desenvolvimento intencional de competências socioemocionais são fundamentais para a consolidação da política de educação integral nas escolas, e também para o preparo dos estudantes para os desafios da vida. Isso significa que possibilitar aos alunos tanto a aprendizagem de qualidade em habilidades de letramento e numeramento, por exemplo, quanto uma formação de qualidade para o desenvolvimento do conjunto de capacidades para articular e mobilizar conhecimentos e emoções faz toda a diferença para uma formação plena.

 

A escola oferece inúmeras oportunidades de identificar, desenvolver e colocar em prática essas competências e habilidades, pois é lá que os jovens passam parte significativa do seu tempo, em contato com o saber, os colegas e os professores, enfrentando desafios, seja em relação ao aprendizado, seja em relação ao convívio social. No Brasil, existem diferentes iniciativas exitosas na rede pública focadas no desenvolvimento dessas capacidades. Agora, Goiás entra nesse mapa.

 

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Goiânia, 15 de maio de 2018

Comunicação Setorial da Seduce Goiás