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Projeto de Vida: nova disciplina ajuda jovens a se conhecerem e planejarem o futuro
Componente curricular do novo Ensino Médio e das escolas de tempo integral está presente em todas as escolas estaduais de Goiás
“Todos os jovens devem fazer suas próprias escolhas, ninguém pode fazer isso por eles. Mas podemos ajudá-los a serem capazes de fazer boas escolhas”, escreveu o professor William Damon, da Universidade de Stanford. O estudioso defende que as escolas podem ajudar os estudantes a planejarem suas vidas e tomarem boas decisões para o futuro. E a disciplina Projeto de Vida, do novo Ensino Médio, veio justamente para fortalecer essa atuação das escolas.
O que é Projeto de Vida?
O Projeto de Vida é um componente curricular obrigatório do novo Ensino Médio, que tem o objetivo de apoiar o estudante em suas escolhas pessoais, sociais e profissionais. Sua implantação em Goiás começou em 2013, nas escolas de Ensino Médio de tempo integral, e foi expandida, em 2020, para todas as escolas que ofertam essa etapa de ensino.
O Projeto de Vida tem atividades de autoconhecimento, identificação de habilidades, reflexões sobre participação social e cidadania, escolha de carreira e planejamento para o futuro profissional e pessoal. A oferta dessa disciplina nas escolas favorece a Educação integral dos jovens, conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Nessa disciplina, não há provas nem notas. Como regulamenta o Documento Curricular para Goiás– Etapa Ensino Médio (DC-GOEM), as avaliações têm caráter diagnóstico e formativo, para acompanhar a evolução do estudante.
Projeto de Vida nas escolas estaduais de Goiás
Todas as unidades escolares da rede pública estadual, tanto de tempo parcial quanto de tempo integral, ofertam aulas de Projeto de Vida para os alunos do Ensino Médio. Os estudantes do programa de Ensino Médio por mediação tecnológica GoiásTec também têm aulas desse componente curricular.
No Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Professor Pedro Gomes, os estudantes da 1ª série participaram, nesta semana, da segunda aula do ano de Projeto de Vida. O professor Jhonny Nundes falou sobre a percepção que cada um tem de si e as definições que outras pessoas fazem de nossa identidade. Ele também conversou com os estudantes sobre padrão de beleza, pressões sociais, autoestima e papel social no mundo.
Já no Colégio Estadual Jardim Vila Boa, a professora Priscila Andreia apresentou aos alunos as esferas pessoal, social e profissional do Projeto de Vida. Como ela explicou à turma, ao longo do Ensino Médio eles terão que responder três perguntas: “Quem eu sou?”, “Quem eu quero ser” e “Qual é meu papel no mundo”.
“Essa disciplina é para ajudar aquela pessoa que está sempre perdida na vida. O Projeto de Vida vai ajudar vocês a escolherem as Eletivas e a Trilha de Aprofundamento. Na 3ª série, vamos falar sobre escolhas profissionais e vamos sempre pensar na importância social da sua profissão. Porque se você fizer algo só por dinheiro que não goste, vai ser horrível!”, aconselhou a professora.
Escola é o melhor lugar para falar sobre isso
Nas aulas iniciais de Projeto de Vida no Cepi Pedro Gomes e no Colégio Estadual Jardim Vila Boa, dois estudantes associaram o conteúdo da aula à terapia e à reunião religiosa. Para a professora Priscila, essa ligação mostra que os alunos não estavam acostumados a falar sobre competências socioemocionais na escola.
“Na verdade, a escola é o lugar ideal para falar sobre isso, porque é um espaço neutro, de respeito às diversidades, onde você vai ter contato com pessoas diferentes daquele grupo que você já pré-selecionou”, defendeu a docente.
No Colégio Estadual Plínio Jaime, a estudante Vanessa Cristina destacou a importância de desenvolver competências socioemocionais para a vida: “A professora ajudou a gente a ter calma, a escutar as pessoas, a saber ajudar. Do que adianta saber seu futuro se você não sabe lidar com a sociedade? Você pode estar preparado para o futuro, mas se você não soube falar com outras pessoas, não adianta nada”.
GoiásTec
No programa GoiásTec, os alunos de zonas rurais e regiões de difícil acesso assistem aulas gravadas por professores regentes, em sala de aula, acompanhados presencialmente por um professor mediador. Na disciplina Projeto de Vida, o professor Gustavo Henrique Barbosa contou que já recebeu mensagens de agradecimento de alunos que foram auxiliados em suas escolhas para o mercado de trabalho e foram inspirados a ter esperança.
“Tivemos alunos com tendência para depressão e suicídio que foram resgatados dessa situação. No GoiásTec, temos alunos de comunidades muito vulneráveis, que inclusive têm dificuldade de acesso à água e energia, que foram muito impactados com as aulas de Projeto de Vida. Esses estudantes estabeleceram laços de solidariedade e equilíbrio emocional”, afirmou o professor Gustavo.
Metodologias ativas de ensino em Projeto de Vida
No Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Joaquim Maria de Godoi, de Niquelândia, a professora Fabíola Souza estimula os estudantes a refletirem sobre identidade e compartilharem seus sonhos em rodas de conversa, debates e brincadeiras.
“O que eu menos faço na aula de Projeto de Vida é ir para o quadro. Às vezes, os alunos conversam mais que eu”, afirmou a professora do Cepi de Niquelândia, que prefere usar metodologias ativas de ensino na disciplina.
Impacto entre professores
A professora Fabíola contou que também foi pessoalmente impactada com a disciplina, porque nunca tinha feito seu Projeto de Vida. “Minha maior experiência foi eu ter começado a fazer meu Projeto de Vida, mesmo depois da faculdade”, relatou Fabíola.
Os professores regentes de Projeto de Vida possuem formação em diversas áreas do conhecimento: Fabíola é formada em Letras, Priscila em Educação Física e Jhonny e Gustavo em Filosofia. Independentemente da graduação, o professor que tiver interesse, perfil e afinidade com os alunos pode liderar este componente curricular.
“Esse é o novo Ensino Médio, né? A capacidade de adaptação é necessária. Tem que estudar. Eu fiz muita leitura, inclusive de áreas que eu nunca pensei que ia estudar, de Psicologia e materiais enviados pela Secretaria de Educação. Qualquer professor é capacitado para dar aula de Projeto de Vida desde que ele tenha paciência de ouvir e empatia”, afirmou a professora Priscila Andreia.