Gustav Ritter: Escola de Artes profissionalizante é unidade da rede pública estadual de Goiás

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Instituto é referência no ensino e formação artística; confira histórias, iniciativas e prêmios

 

Apresentação da bailarina formada no Gustav Ritter, Paula Rosa Santana, no Cazaquistão. (Foto: Acervo pessoal/Paula Rosa Santana)

Uma instituição de oportunidades e história na cidade de Goiânia, o Instituto de Educação em Artes Professor Gustav Ritter, do Governo de Goiás/Secretaria de Estado da Educação (Seduc/GO), é escola profissionalizante desde 2020. Inaugurado em 1988 como Centro Cultural Gustav Ritter, tornou-se centro de ensino por meio da Lei n° 19.372, de 30 de junho de 2016, que contribuiu para concretizar essa transição quatro anos depois.

Essa mudança tem um papel importante na formação artística de centenas de crianças, jovens e adultos nas áreas de música, teatro e dança, possibilitando e inspirando o aprimoramento de suas habilidades artísticas. De acordo com o site oficial do Instituto, “contribui, ainda, de uma maneira muito especial para a democratização do acesso à cultura do Estado de Goiás exportando talentos para o mundo”.

Enfatizando a inclusão da comunidade, o Instituto Gustav Ritter oferece oportunidades para todas as pessoas, com idade a partir dos cinco anos, desenvolverem suas habilidades artísticas. Tradicionalmente, o Instituto exporta talentos na área de Dança, com ex-alunos que hoje atuam no cenário cultural nacional e internacional, em países como os Estados Unidos, Alemanha, Cazaquistão, Canadá, Suíça, França e Mônaco.

(Foto: Arquivo pessoal/ Paula Rosa Santana)

 

Entram sonhadores, saem artistas

Os corredores do notável prédio Art Déco do Gustav Ritter contam histórias sobre o impacto que a instituição teve e tem na vida de diversos jovens que para lá levam seus sonhos. Cada sala, cada cantinho do lugar, está presente na memória dos milhares de estudantes que já passaram pelo Instituto e, que hoje, em muitos casos, seguem suas jornadas com sucesso.   

Paula Rosa Santana, por exemplo, conta que teve o trajeto de sua vida totalmente alterado por meio do que aprendeu no Gustav Ritter. “Se não fosse o Gustav Ritter com certeza muita coisa boa não teria acontecido na minha vida assim”, afirma. A bailarina foi uma das estudantes agraciadas com um contrato para trabalhar no Cazaquistão, em sua área, o Ballet. A jovem de 25 anos ingressou na instituição em 2003, com seis anos de idade e estudou no Instituto por 10 anos, até completar os 16.

“Praticamente tudo que aprendi no Ballet foi ensinado pelos professores e alunos mais velhos do Gustavo Ritter, pelos profissionais todos de lá, e foram referências lindas, artistas maravilhosos que me ajudaram muito na minha carreira, me levaram para muito longe. O Gustav Ritter é um lugar com muito peso nesse ramo”, complementa Paula Rosa. 

A bailarina, que também já estudou na Escola do Futuro em Artes Basileu França, do Governo de Goiás, conta que sua passagem em Astana, no Cazaquistão, foi enriquecedora em sua formação, sendo o seu primeiro trabalho depois de terminar os estudos: “Eu não imaginei que isso fosse acontecer, pois, sair do Brasil, que é um país que não tem muito suporte para os bailarinos, para a Arte, e já ser empregada assim, acho que é uma coisa muito grande. E nem precisei estudar em alguma escola de fora do Brasil, que eu achei que teria que estudar, para conseguir esse contrato”.

Paula Rosa Santana em uma apresentação em Goiânia no Teatro Basileu França. (Foto: Gabriel d’Alexandria)
Paula Rosa com a bailarina Ana Botafogo na São Paulo Cia. de Dança (Foto: Arquivo pessoal/ Paula Rosa Santana)

 

Assim como Paula, Thayane Evelli, de 21 anos, ingressou na instituição quando era criança. Em 2008, época em que o Gustav Ritter ainda era um centro cultural, a jovem se matriculou com o intuito de estudar Teatro e essa atitude repercutiu tanto em sua vida profissional quanto pessoal. “O Gustav Ritter é uma junção de um todo para representar essa mulher que me tornei, com uma facilidade enorme de me comunicar, de me expressar, de ter a minha posição e o meu lugar de fala, de me posicionar”, conta ela, que atualmente cursa Jornalismo.

Thayane teve a oportunidade de estar no Instituto enquanto ele se tornava uma escola de ensino profissionalizante: “Sou da primeira turma do curso técnico em Teatro e foi um curso excelente, que gerou muito crescimento para a escola e abriu muitas portas, não só para mim, mas para todos os alunos que se formaram junto comigo”.

Assim, sua formação lhe rendeu bons resultados enquanto atuava na área e representava o Instituto pelo Brasil afora. A atriz se consolida como uma das mais premiadas do Teatro da escola, com conquistas em festivais de nível regional e nacional. No Festival de Teatro de Jataí/GO, por exemplo, a jovem alcançou o 1º lugar na categoria “Melhor Sonoplastia”, bem como foi indicada na de “Melhor Atriz”, com o espetáculo “Bullying: Aconteceu Comigo!”, peça de grande destaque do Núcleo de Teatro. E, ainda, no Festival de Teatro Estudantil de Caraguatatuba/SP, Thayane alcançou o topo do pódio na categoria “Melhor Atriz”, também com a peça citada.

Thayane Evelli na peça “Bullying: Aconteceu Comigo!” (Foto: Instituto Gustav Ritter)

No Ritter, como os estudantes e egressos chamam o Instituto, Thayane pôde vivenciar momentos únicos em sua vida e carreira. De acordo com ela, um desses episódios foi quando subiu em um palco pela primeira vez, em 2008. “Parece que foi ontem quando eu subi em um palco pela primeira vez. Me lembro que foi no Teatro Goiânia Ouro e foi a melhor experiência que tive na vida, é algo que não esqueço. Eu me lembro que chegamos lá, posicionamos os objetos de cena e foi ali que eu quis ter mais experiência com o Gustav Ritter, pois essa primeira foi muito simbólica e importante para mim”.

Thayane Evelli acredita que os conceitos de diversidade e respeito definem a escola. “A inclusão que o Gustav Ritter promove proporciona às pessoas estar perto da arte, conhecer, participar, e isso é importante, para estarem ligados à arte, à cultura de todos os gêneros. Então, o Instituto tem um papel muito grande e muito lindo de fazer chegar isso nas pessoas de uma forma educativa”, explica a jovem.

“Essas oportunidades mudam famílias, mudam pessoas, as direcionam para oportunidades incríveis que muitas vezes não imaginamos que pode acontecer com a gente que é pobre, que vem de família humilde”, destaca.

Conforme a estudante, o Instituto não forma só para o mundo do trabalho, para a carreira profissional como bailarino ou qualquer ramo da arte, mas, sim, molda o ser humano para sempre. “Todas as pessoas que eu conheci no Gustav Ritter, os colegas que estudavam comigo e que não viraram bailarinos, tem um senso de arte, uma sensibilidade, bem maior, uma responsabilidade e dedicação em tudo o que fazem. E esse senso de horários, disciplina e determinação com certeza foi gerado por causa da formação de Ballet no Gustav Ritter”, afirma a dançarina. Segundo Paula, muitos de seus ex-colegas do Instituto são muito bem-sucedidos, em diferentes áreas.

As contribuições da formação no Gustav Ritter também repercutem na saúde dos egressos, segundo lembra a bailarina: “Muitos ainda dançam, mesmo que não profissionalmente, então possuem corpos mais saudáveis, tem essa noção também de ter uma alimentação mais saudável”.

(Foto: Divulgação/ Seduc/GO)

 

Prêmios

Conforme dados da instituição, o Gustav Ritter já recebeu 165 prêmios, sendo a maioria conquistada por seu núcleo de Dança. Segundo o coordenador desse departamento, Gustavo D’Alexandria, a Dança acumula 154 conquistas, por meio das equipes dos cursos livres na área. Dentre as principais vitórias estão as dos Festivais de Dança de Joinville/SC, na maior parte das edições de 2010 a 2022; do Festival de Uberlândia/MG, de 2019 (sete vitórias); do Festival Internacional de Cabo Frio/RJ na edição de 2012 (seis vitórias); e nas participações nos festivais de Santos/SP, em 2014 (oito vitórias), Indaiatuba/SP (em 2013, 11 vitórias) e Taguatinga/DF (em 2010, cinco vitórias).

O destaque internacional é da premiação do Youth America Grand Prix 2013 (Nova York/EUA), em que o então Centro Cultural Gustav Ritter foi representado pelo bailarino Adhonay Soares, 3º lugar na classificação das dozes melhores coreografias apresentadas no festival. No festival, que ocorre anualmente nos Estados Unidos, o conjunto de balé jovem do Gustav Ritter apresentou a coreografia “O que não posso sentir”, com a qual Adhonay foi agraciado. O Ballet (clássico e neoclássico) é o que tem maior número de prêmios.                                                                                                                                  

O núcleo de Teatro também acumula prêmios marcantes para a história do Instituto, conquistados pelas equipes dos cursos livres. Segundo a coordenadora do núcleo, Denise Ribeiro, já são 11 prêmios e os principais foram recebidos pela peça “Bullying: Aconteceu Comigo!” com conquistas no Festival de Teatro Estudantil de Curitiba/PR (três vitórias nas categorias de melhor atriz, ator e espetáculo, e uma indicação ao prêmio de melhor diretor), no Festival de Teatro de Jatai/GO (duas vitórias nas categorias de melhor sonoplastia e espetáculo, além de um prêmio especial do Júri, e três indicações de melhor atriz e ator) e no Festival de Caraguatatuba/SP (duas vitórias nas categorias de melhor atriz e melhor espetáculo, e uma indicação de melhor ator).

Além deste espetáculo, outras peças foram apontadas pela professora Denise como relevantes em festivais: “Nelson Para Sempre”, “Martin Luther King”, “Clarice: uma biografia poética” e “12 homens e uma sentença”.

(Foto: Instituto Gustav Ritter)

Reconhecimento nacional e internacional

A unidade de ensino e formação artística da Seduc/GO, onde funcionam os Núcleos de Música, Dança e Teatro, promove a capacitação constante de sua equipe de professores. O Instituto também prioriza a participação de seus estudantes em festivais, onde estes têm a chance de conquistar bolsas de estudos internacionais e levar adiante os ensinamentos e técnicas adquiridos no Gustav Ritter. Atualmente, oito estudantes e professores estão no exterior, em países como a Alemanha, Dinamarca, Cazaquistão, Estados Unidos, Suíça, França e África do Sul,  graças à conquista destas bolsas.

De acordo com o diretor do Instituto, Edmar Carneiro, na área do Balé Clássico as bolsas de estudos que alguns alunos ganharam foram em Festivais de Dança, tanto no Brasil (Joinville/SC) quanto no exterior, no Grand Prix New York de Dança, onde diversos países, majoritariamente europeus, buscam os maiores talentos do balé clássico jovem em nível mundial.

“Esses alunos, geralmente, vão continuar sua formação artística na Europa e acabam construindo suas carreiras no exterior. Essas bolsas internacionais significam o reconhecimento do trabalho acadêmico de excelência do Gustav Ritter na área da formação técnica e exportação de talentos”, afirma o gestor.

Edmar também fala sobre a importância das bolsas disponibilizadas pelo Governo de Goiás, como a Bolsa Artista e a Bolsa Estudo. A Bolsa Artista é um dos projetos a ser conquistado por alunos de artes dos cursos livres. Outro benefício,  que os alunos de Ensino Médio recebem, é o Bolsa Estudo, tal qual os estudantes matriculados nas demais escolas estaduais. “São de grande importância para os alunos dos cursos livres de música, dança e teatro, para a formação acadêmica artística, sobretudo o benefício da Bolsa Artista. Além disso, promovem a cadeia produtiva da economia criativa da Educação e cultura”, destaca o gestor do Gustav Ritter.

(Foto: Instituto Gustav Ritter)

A implementação do Novo Ensino Médio

A escolarização inserida no Gustav Ritter também marca a implementação da primeira escola com o sistema do Novo Ensino Médio em Goiás. O Novo Ensino Médio contempla as novas regras da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), pela Lei nº 13.415/2017.

De acordo com o MEC, nesses documentos, o currículo do Novo Ensino Médio deve integrar a formação geral básica, seguindo as competências e habilidades das áreas de conhecimento previstas na BNCC, e os itinerários formativos, correspondentes a unidades curriculares que permitam aos estudantes a preparação para a continuidade dos estudos e ou para o mundo do trabalho.

No caso do Gustav Ritter, esses itinerários formativos são de formação técnica e profissional (FTP) no ramo artístico. De acordo com o diretor Edmar, “a implantação do Novo Ensino Médio promoveu a escolarização do Instituto Gustav Ritter, em um modelo de Educação em Ensino Médio inovador e pioneiro nas redes estaduais de Educação em todo o país”.

 

Faixada do Instituto Gustav Ritter. (Foto: Seduc/GO)

História do Instituto Gustav Ritter

Conforme a história apresentada no site do Instituto, o nome da escola é uma homenagem ao professor Henning Gustav Ritter, um dos fundadores da Escola de Belas-Artes, atual Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG).  Renomado escultor, o professor Ritter foi um expoente das artes plásticas que impulsionou o movimento artístico em Goiás.

O prédio onde se encontra a escola é um dos mais notáveis em Goiânia, no estilo Art Déco tardio. Teve sua construção iniciada em 1946 e concluída em 1950 com o propósito, a princípio, de servir como a Casa dos Padres Redentoristas. Pela notoriedade arquitetônica e histórica, o prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado de Goiás por um decreto de 1998. Atualmente, o Instituto possui 28 salas de aula de música, dança e teatro, além de Biblioteca, Instrumentoteca, e salas administrativas.

 

Amanda Dutra - Comunicação Setorial da Seduc/GO