Coronavírus: Com aulas presenciais suspensas por 15 dias, escolas continuam abertas para orientar a população

Detalhes

Em entrevista à imprensa nesta segunda-feira (16/03), ao lado do secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, a secretária Fátima Gavioli explicou algumas medidas que estão sendo adotadas pelo Governo de Goiás e pelas secretarias de Educação (Seduc) e de Saúde (SES) para prevenir e minimizar os efeitos do coronavírus em Goiás.

A principal delas é a suspensão das aulas em todas as unidades educacionais da rede pública estadual por um período de 15 dias, a partir da próxima quarta-feira, dia 18. A paralisação pode antecipar as férias de julho e, dependendo de como estará o cenário daqui a duas semanas, existe a possibilidade de ser prorrogada.

“O Governo de Goiás e todos os órgãos públicos estaduais estão agindo com muita responsabilidade, e de forma rápida e eficiente, para evitar a disseminação do vírus no Estado”, frisou ela.

Reposição
A secretária destacou que as medidas estão sendo adotadas sob a orientação da Secretaria Estadual da Saúde e também foram discutidas por um comitê formado por representantes da Universidade Estadual de Goiás (UEG), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime/Goiás), Conselho Estadual de Educação (CEE), Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Goiás (Sintego) e Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro).

Sobre a reposição dos dias letivos – caso não fique decidido pelo adiantamento das férias de julho –, Fátima Gavioli afirmou que o assunto ainda será discutido com o Sintego. A secretária ressaltou que nenhum aluno terá prejuízo na aprendizagem com a suspensão das aulas. “Todo o processo está sendo conduzido com muito cuidado e planejamento pelo Governo de Goiás”, frisou.

Orientação
A paralisação, no entanto, não significa que as escolas estarão fechadas neste período. Nas unidades educacionais permanecerão, em regime de revezamento, os servidores administrativos e os diretores. A equipe ficará nas escolas para receber e orientar a comunidade sobre a melhor forma de evitar o contágio e a disseminação do Covid-19.

Em Goiás já foram comprovados sete casos de coronavírus. Conforme o médico Ismael Alexandrino, secretário estadual de Saúde, os pacientes apresentam quadro clínico estável e estão em período de quarentena em suas residências. No Brasil já foram notificados 200 casos e espera-se que a doença atinja o ápice nas próximas duas semanas.

Confira, na íntegra, a entrevista da secretária Fátima Gavioli aos veículos de comunicação na manhã desta segunda, 16/03

Em relação a esses próximos 15 dias, como será esse monitoramento dos alunos que não irão às escolas?
Primeiro, eu quero ressaltar a preocupação do governador Ronaldo Caiado e do secretário de Saúde, Ismael Alexandrino, que decidiram realizar um levantamento até o dia 18 de março para saber com quem as crianças vão ficar no período de suspensão das aulas: se é com pessoas idosas, que seriam os avôs e avós, ou com alguma pessoa dos grupos de risco.

Somente depois desse levantamento, teremos condições de informar a situação ao Comitê de Crise e à Secretaria Estadual de Saúde para saber que providências serão tomadas. Este é um momento que envolve a todos, e nós precisamos, sim, adotar medidas que impeçam a circulação dessa quantidade de crianças nas escolas. A Covid-19 nas crianças tem um efeito semelhante a uma gripe normal, mas para as pessoas idosas, que tem a imunidade frágil, os efeitos são muito complicados.

Então, nós queremos ajudar a Secretaria de Saúde, tranquilizando a população e orientando sobre a melhor forma de se precaver e se prevenir em relação a esse vírus. As gestões das escolas hoje e amanhã estão fazendo esse levantamento. Até agora está bem tranquilo.

A sugestão é de que esses alunos não fiquem sob a guarda dos avós?
Seria bom que elas não ficassem com os avós, que são pessoas idosas e com saúde fragilizada. Mas se não tiver outro jeito, que esses avós tenham o cuidado de usar máscaras e façam sempre a higiene das mãos. A Seduc já está comprando álcool em gel e máscaras e, se for necessário, irá distribuir a essas famílias de forma a evitar que elas estejam tão expostas.

Como as escolas estaduais estão recebendo as orientações?
As unidades educacionais estão sendo orientadas por um Comitê de Educação, formada por representantes da Undime/Goiás, Conselho Estadual de Educação e das universidades e faculdades. As decisões estão sendo tomadas em comum acordo, ou seja, o que vale para a Seduc, vale também para as escolas municipais de todo o Estado. Em via de regra, é o que vale para toda a área da educação.

E o ano letivo? Como fica?
O ano letivo não terá nenhum prejuízo porque a lei diz que os 200 dias letivos, em hipótese nenhuma, poderão ser mexidos. Neste momento, o que o governador quer é que haja a suspensão das aulas. Daqui a oito dias, nós já saberemos se haverá reposição das aulas ou o adiantamento das férias.

Uma alternativa que a Secretaria de Educação trabalha é de abrir as escolas para que os alunos possam ter acesso à alimentação. Eles poderão procurar as escolas só para isso?
Exatamente. Não tem como. Se aquela é a única alimentação de verdade que a criança tem, a gestão escolar vai identificar isso e nós vamos ter que garanti-la. Nós não vamos poder recepcioná-los no auditório ou refeitório, mas podemos oferecer a alimentação para que o aluno leve para casa. Já temos, inclusive, um grande número de merendeiras nas escolas se prontificando a preparar as refeições para os alunos que necessitarem dela.

A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) traz um dispositivo falando sobre epidemias, abrindo a possibilidade para a reposição…
Não. A LDB não fala sobre isso em nenhum momento. O que temos visto é uma fake news circulando desde ontem nas redes sociais. Vocês podem olhar o artigo 23 da LDB que fala que nós podemos nos reorganizar didaticamente, em ciclos etc, mas em nenhum momento diz que o aluno poderá ter menos de 200 dias letivos. Para chegar a essa proposta, o CNE (Conselho Nacional de Educação), que é a autoridade máxima na questão educacional, precisaria ter um cenário semelhante ao que vemos hoje na Itália, que é o que não vamos ter no Brasil. Mas o CNE já se posicionou e emitiu nota dizendo que os professores poderão, inclusive, ‘levar’ o ano letivo para 2021 caso assim queiram. Entretanto, essa é uma discussão que somente daqui a oito dias, nós poderemos ter uma resposta concreta.

Em relação à possibilidade de criar conteúdos didáticos on-line para que os alunos estudem em casa. Como será isso?
Nós temos estúdios disponíveis para a gravação desses conteúdos na Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), no Conselho Estadual de Educação (CEE) e na própria Seduc, onde já produzimos as aulas do EJATec e GoiasTec. Nós temos que pensar nessa possibilidade, sim, caso seja extremamente necessário estender esses 15 dias. É hora de pensarmos em uma metodologia on-line, onde possamos aproveitar 30 minutos de conteúdos on-line e também enviar listas de exercícios para os alunos.

Nenhum aluno será prejudicado?
Nenhum. E eu quero aproveitar e pedir aos professores, pais, estudantes e servidores da rede para que não divulguem conteúdos falsos (fakes), que hoje são os responsáveis por causar tanto pânico na população. E neste momento, espalhar o pânico não vai nos ajudar em nada. Não há motivo para pânico agora. Em Goiás estamos muito bem monitorados pela Secretaria Estadual de Saúde e pelos técnicos do Governo de Goiás.