Fica 2018 - Cursos e oficinas Sensibilidade, fotografia e militância marcam 3º dia da Competitiva

Detalhes

Dois filmes goianos foram exibidos na Mostra Competitiva de sexta-feira;

Sensibilidade narrativa, fotografias bem trabalhadas e um discurso militante marcam terceiro dia da mostra

Reportagem: Elisama Ximenes / Fotos: Flavio Isaac

O terceiro dia da Mostra Competitiva exibiu dois filmes estrangeiros e cinco nacionais – dois dos quais foram produzidos no Estado de Goiás. O Cineteatro São Joaquim lotou de gente de todas as idades. Crianças, adultos e idosos compunham a diversidade do público da mostra.

A animação “Corp”, do argentino Pablo Polledri, foi o primeiro filme exibido. Com uma narrativa que explora efeitos sonoros, o diretor mostra como uma corporação cresce às custas da exploração ambiental e humana.

Urubus e pessoas competem pelos restos na imensidão de um lixão. “Sub Terrae”, de Nayra Sanz Fuentes, da Espanha, é simples, mas reflexivo em poucos sete minutos de filme.

O goiano “A Viagem de Ícaro”, de Kaco Olímpio e Larissa Fernandes, também foi exibido na 16ª Mostra ABD Cine Goiás. Bazuca, catador de materiais recicláveis, e a luta para realizar seu sonho com materiais reutilizados trazem um olhar romântico para a reciclagem e a simplicidade do catador.

“Construindo Pontes”, produzido no Paraná por Heloísa Passos, fala das perdas afetivas com o afogamento das Sete Quedas para construção da Usina de Itaipu e, em paralelo, os conflitos de opinião com o pai conservador. Quem assiste vive um paradoxo: a identificação com a revolta da filha e o encantamento com o jeito desconcertado do pai.

Os movimentos de câmera inconscientes prejudicam um pouco a experiência de quem assiste a “Um filme para Ehuana”, documentário de Louise Botkay, do Rio de Janeiro. No entanto, acompanhar a rotina da índia Yanomami e das outras índias e crianças da comunidade Davi Kopenawa, em Roraima, deixa o espectador mais próximo da protagonista e da vida da mulher na comunidade. O apelo de Davi Kopenawa, com voz em off, ao fim, revela o engajamento do documentário pela preservação das florestas e dos povos indígenas.

O filme goiano “A Câmera de João”, dirigido por Tothi Cardoso, é uma ficção centrada em um menino negro, apaixonado por fotografia, que vai passar uns dias com os avós. A Polaroid não sai de seu pescoço. A história é sensível e mostra a paixão do menino por registrar sua visão de mundo em imagens paradas. A sensibilidade também está na delicadeza com que a narrativa trabalha a relação de respeito e admiração pelo avô, que lhe inspira e ensina coisas novas no mundo da fotografia.

Também encanta as percepções do garoto e do avô sobre lugares tradicionais do bairro de Campinas, em Goiânia – ou “Campininha das Flores”, como chama o avô de João.

Plantae, animação carioca dirigido por Guilherme Gehr, discute o desmatamento, o genocídio dos povos das florestas e a extinção animal de maneira poética, fantasiosa e metafórica. A animação é bonita, sensível e perspicaz.