Fica 2018 - Indígenas são os primeiros ambientalistas do Brasil, afirma Bolognesi

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O novo longa do cinesta paulistano Luiz Bolognesi, Ex-Pajé, inaugurou a Mostra de Cinema do Fica na noite desta terça-feira (05). O documentário acompanha os dilemas do Pajé Perpera Suruí diante da crescente evangelização dos indígenas da sua tribo. Esta é a segunda produção do cineasta que integra a programação do Fica. Em 2016, Bolognesi participou do Festival com o filme “Uma História de Amor e Fúria”, animação que também aborda a temática indígena.

O cineasta acredita que o Fica cumpre um papel fundamental de articulação entre Cinema e Meio Ambiente em pleno Cerrado, um bioma que já perdeu mais de 50% de sua cobertura vegetal. Ele agradeceu a honra de ter seu filme exibido pela primeira vez em Goiás durante o Festival e lembrou que os indígenas são os primeiros ambientalistas a habitar o território brasileiro. Antes de partir para o Sheffield Doc Fest na Inglaterra, em que Ex-Pajé participa da mostra competitiva de temática ambiental, Luis Bolognesi vai ministrar uma oficina de roteiro no campus da Universidade Federal de Goiás (UFG) na manhã desta quarta-feira (6). Para ele, estar aqui é uma alegria mesmo que por um período tão curto. O cineasta conta que “fez o possível e o impossível” para vir à Goiás prestigiar o festival que já o acolheu dois anos atrás e visitar a cidade que adora.

A historia do Pajé Perpera deixou o público do Fica 2018 emocionado. E foi assim que Bolognesi se sentiu ao encontrar com o líder espiritual pela primeira vez. Sua ideia era realizar um outro filme, um documentário sobre oito pajés de tribos diferentes. Mas a situação do agora ex-Pajé do povo Paiter Suruí precisava ser contada. O indígena foi demonizado e enxotado da posição de Pajé por um pastor da Igreja Evangélica. A comunidade só voltou a se relacionar com Perpera depois que ele aceitou participar das atividades na Igreja. Durante um mês, uma equipe de cinco pessoas acompanhou a rotina de Perpera de perto. O resultado é um retrato do processo de aculturação que continua descaracterizando as tradições indígenas no Brasil. O filme reflete as contradições entre a transformação da tribo e a resistência dos conhecimentos ancestrais. Entrelaçada à trama, a relação dos indígenas com a floresta que os rodeia aparece em sons e imagens de tirar o fôlego. Os dilemas desta nova existência no mundo assolam não só o Pajé Perpera, mas todos os membros da tribo.

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