Governo de Goiás firma parceria com Unicef para reduzir evasão escolar em todo o Estado

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Programa de busca ativa em regime de colaboração com municípios será elaborado para reduzir evasão escolar. Entre 2020 e 2021, 35.696 alunos não renovaram matrícula nem pediram transferência para outra unidade. Apesar desse número ser 47,5% menor do que o verificado entre 2019 e 2020, quantitativo ainda preocupa, segundo secretária de Educação, Fátima Gavioli

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc), e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), firmaram parceria para a elaboração de um programa de busca ativa escolar, que será realizado em regime de colaboração com os municípios. O acordo foi definido durante uma webconferência, realizada na última segunda-feira (12/04) e que contou com a participação de representantes do Unicef e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação de Goiás (Undime-GO).

“Vocês não têm noção de quantos municípios Goiás tem que não possuem 35 mil habitantes. É muita criança, é muito jovem. Isso é de tirar o sono de qualquer um, muito preocupante”, afirmou a secretária de Estado da Educação, Fátima Gavioli, durante o encontro virtual. Na ocasião, a secretária se referiu aos 35.696 alunos que, entre 2020 e 2021, não renovaram a matrícula nem pediram transferência para outra unidade (estadual, municipal ou particular).

Apesar do quantitativo, o número de alunos evadidos na rede estadual de educação de Goiás tem apresentado queda. De acordo com um levantamento feito pela Seduc, o número de alunos que não renovaram a matrícula nem pediram transferência para outra unidade caiu de 68.063, entre os anos de 2019 e 2020, para 35.696, entre 2020 e 2021.

Segundo o chefe de Educação do Unicef Brasil, Ítalo Dutra, essa redução no número de evadidos pode ser ainda maior caso Estado e municípios atuem juntos na busca por esses estudantes. “As melhores experiências que a gente tem tido tem acontecido onde há uma estreita colaboração entre Estado e municípios. Isso melhora tanto no alcance, de ter todos os municípios do Estado implementando uma estratégia, quanto nos resultados”, afirmou.

Motivos para a evasão escolar

Infográfico da Pnad 2019 Contínua sobre evasão escolar

Para a consultora da Educação do Unicef Brasil, Daniella Rocha, durante o processo de busca ativa escolar, é necessário conhecer os motivos que levaram o aluno à evasão. “A gente precisa entender o que está acontecendo no contexto da família dele e tomar providências que não sejam só da educação. Porque às vezes ele não está na escola por uma questão de trabalho infantil, então precisa contar com a parceria da assistência social. Se é por causa de uma doença, contar com a parceria da saúde”, explicou Daniella.

“Isso vai ser muito importante na realidade do Estado para garantir que esses meninos retornem e permaneçam na escola e a gente evite a distorção de idade-série, que é uma das consequências graves do abandono e evasão”, afirmou a consultora do Unicef.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2019, 39% dos jovens que abandonaram os estudos em algum momento o fizeram porque precisavam trabalhar. Enquanto isso, 29,2% pararam de estudar por falta de interesse e 9,9% abandonaram a escola por gravidez.

Evasão x abandono escolar

Como explica a gerente de Avaliação da Rede Estadual e Estatísticas Educacionais da Seduc, Márcia Maria de Carvalho Pereira, evasão escolar e abandono escolar são indicadores diferentes.

Segundo, Márcia, o abandono escolar, que é avaliado pelo Censo Escolar, ocorre quando o aluno deixa de frequentar as aulas durante o ano letivo e retorna no ano seguinte. “Nós estamos falando da evasão escolar quando o aluno que estava na rede, no ano passado, não fez a matrícula para esse ano e nem solicitou a transferência para uma outra escola.”

Ações de busca ativa

Mesmo diante da pandemia da Covid-19 e a suspensão das aulas presenciais, os profissionais da educação em Goiás desenvolveram estratégias para garantir a permanência dos estudantes na escola.

Em março de 2020, a Seduc lançou um Painel de Monitoramento, para acompanhar a frequência dos estudantes nas aulas não presenciais. A ferramenta é preenchida pelos tutores educacionais das Coordenações Regionais de Educação (CREs), que orientam as equipes escolares a entrarem em contato com todos os alunos ausentes há mais de 14 dias.

A entrega dos kits de alimentação para todos os alunos da rede estadual também colabora para a busca ativa dos estudantes. Na visita à escola para retirada de alimentos, os pais são questionados pelas equipes pedagógicas a respeito da participação dos filhos nas aulas e recebem atividades impressas em caso de falta de acesso à Internet.

Quando as ações da escola não surtem efeito, os gestores educacionais buscam apoio dos Conselhos Tutelares. “Depois de tentar tudo que está ao alcance da escola, a escola vai atrás do Conselho Tutelar para que esse aluno seja trazido de volta”, afirmou a superintendente de Organização e Atendimento Educacional da Seduc, Patrícia de Morais Coutinho.

Entrega de kit de alimentação fortaleceu busca ativa para combater evasão escolar
Entrega de kits de alimentação em colégio estadual de Goiânia

Plano Estadual de Educação
Essa ação atende as metas 02 e 12 do Plano Estadual de Educação (PEE)