Concurso de soletração: professora conta como desenvolveu formato remoto
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Estudante de Iporá ganhou competição de soletração que já era realizada por professora há 15 anos
O estudante João Pedro Lima Soares, de 7 anos, virou notícia após participar do concurso de soletração do Colégio Estadual Elias Araújo Rocha, em Iporá. A criança surpreendeu a todos, inclusive a sua avó, após dormir usando a medalha conquistada ao vencer a competição.
Por trás desse episódio está a professora Poliane Alves de Araújo, que atua como educadora há 15 anos. Poliane conta que, apesar de toda a comoção gerada pelo registro do pequeno João Pedro, os concursos de soletração são uma dinâmica comum em suas aulas.
Soletração e alfabetização
Tudo começou em 2014, quando a professora orientou a participação de um de seus alunos no quadro Soletrando, do programa Caldeirão do Hulk. “Eu trabalhava com a disciplina de língua portuguesa nas turmas de 6º a 9º ano e fiz a inscrição para que meus alunos participassem da etapa que aconteceria em Goiânia.
Para isso, eu fiz uma seleção dentro da escola e, a partir dessa seleção, escolhemos um aluno representante”, relata Poliane. No entanto, foi ao iniciar o trabalho com turmas dos anos iniciais do Ensino Fundamental que a professora passou a realizar, em sala de aula, as competições de soletração.
Segundo ela, a dinâmica é muito válida para o processo de aprendizagem dos estudantes dessa etapa, em especial os que estão em fase de alfabetização. “(Por meio da soletração) eles conhecem palavras novas, principalmente com sílabas complexas, acentuação”, conta a professora.
Soletração remota
Com as aulas presenciais na rede estadual de Educação suspensas desde o mês de março, a professora Poliane precisou se reinventar neste ano para manter a dinâmica de soletração em suas aulas.
Durante o regime especial de aulas não presenciais, a educadora tem realizado as aulas pelo Google Meet e gravado videoaulas para que os alunos possam acompanhar o conteúdo em um outro momento. Foi como alternativa a essas aulas e para envolver os estudantes no processo de aprendizagem que Poliane Araújo optou por realizar a competição de soletração em formato remoto.
Usando o aplicativo Google Meet, a professora estabeleceu uma dinâmica para a preparação e participação no concurso. Os concorrentes deveriam estudar em uma lista de palavras, selecionadas pela educadora, e soletrá-las de olhos fechados em frente a câmera, evitando que outras pessoas pudessem auxiliar na soletração.
Ao final de uma série de palavras soletradas, João Pedro, de 7 anos, se consagrou como vencedor dentre os 15 participantes da turma do 2º ano.
“Deu muito certo! Eles respeitaram as regras, foram honestos e compromissados. Inclusive a etapa de soletração durou bastante tempo, porque eles não erravam. Eles tiveram o compromisso de estudar e as famílias se empenharam em ajudar os filhos em se preparar em casa”, relata Poliane Araújo.
Para ela, além de envolver os estudantes e as famílias no processo de aprendizagem, a dinâmica contribuiu de forma efetiva para a formação dos alunos. “Na preparação para a competição, eles praticaram a escrita, a fala, a memorização e tiveram a ampliação de vocabulário”, afirma a professora.
Resultados da competição na prática
Divina Soares de Oliveira, avó do estudante João Pedro, conta que, antes mesmo da competição, as aulas da professora Poliane Araújo foram essenciais para garantir o interesse do neto pelos estudos.
“Ele (João Pedro) assiste as aulas dela até fora do horário, pelo YouTube ou no Instagram. E quando chega a hora da aula toda a família quer ficar perto para assistir, porque as aulas delas são muito divertidas, chamativas”, ressalta dona Divina Oliveira.
De acordo com ela, o neto odeia perder as aulas de Poliane e que, quando houve a necessidade de faltar a uma das aulas, o estudante ficou contrariado e fez questão de assistir a aula em um outro momento.
Para a avó de João Pedro, o mérito pela conquista do estudante também é da professora já que, mesmo de forma remota, ela conseguiu envolver os estudantes no processo de aprendizado. “Se ela não se desdobrasse para chamar a atenção dos alunos, eu acho que ele não teria esse interesse pelos estudos. Então, o impacto na aprendizagem do João Pedro é mérito da professora também”, reforça Divina Oliveira.
Agora, com a medalha no peito ou exposta em um lugar bastante visível, João Pedro sonha em ser médico veterinário e cuidar dos cães e cavalos. Para a professora, a lição que fica é de que é preciso se reinventar a cada dia para motivar os alunos e, dessa forma, é possível trabalhar com a alegria.