Enem tem participação de alunos da rede estadual quilombolas, indígenas e campesinos

Detalhes

Entrar

para a universidade e ampliar o acesso de membros de comunidades rurais e

tradicionais ao ensino superior é um desafio para estudantes indígenas,

quilombolas e campesinos matriculados na rede pública estadual de ensino que

participam do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujo segundo dia de provas

está marcado para este domingo, 10 de novembro.

Ao

todo, 31 estudantes quilombolas das escolas estaduais Calunga I a IV e suas

extensões, em Cavalcante e região, se inscreveram para o Enem em 2019. Entre as

comunidades indígenas, estão participando da seleção quatro candidatos matriculados

no ensino regular dos colégios estaduais Melquíades Victor de Oliveira e Dr.

Rubens Corrêa de Aguirre, em Aragarças, e outros quatro da Escola Estadual

Indígena Cacique José Borges, em Rubiataba.

Também

fazem o exame 50 estudantes da 3ª série do Ensino Médio das três Escolas

Família Agrícola (Efas) de Goiás. Desses, 23 são da Escola Família Agrícola de Orizona

(Efaori); 18 da Escola Família Agrícola de Uirapuru (Efau) e nove da Escola

Família Agrícola de Goiás (Efago).

De Aragarças

Entre os

indígenas que fizeram o primeiro dia de avaliação, no último domingo (3/11), está

o estudante Lukmar Tsi ’Õmõ ’Rate Tsihoriwa, de 20 anos. Ele é da etnia Xavante

e estuda na Escola Estadual Dr. Rubens Corrêa de Aguirre, de Aragarças. 

Lukmar

considerou as provas relativamente complicadas, tendo encontrado mais dificuldade

para elaborar a redação, que teve como tema ‘Democratização do acesso ao cinema

no Brasil’. Mas ele está esperançoso para o próximo domingo, quando os

candidatos do Enem responderão a

questões de Matemática e suas Tecnologias e de Ciências da Natureza e suas

Tecnologias.

O

estudante pretende estudar Enfermagem na cidade de Barra do Garças, no Mato

Grosso.  No cotidiano da escola, as

disciplinas que diz encontrar mais dificuldade para compreensão e aprendizagem

são Inglês e Português. Mas, segundo ele, em Língua Portuguesa, as adversidades

do dia a dia são em parte supridas pela existência do professor intérprete da

língua materna indígena, com o qual não pode contar durante as avaliações

externas, como o Enem.

A

escola onde Lukmar estuda faz parte das 12 unidades estaduais de ensino regular

urbanas com professores intérpretes da língua indígena. Ela conta com cinco

desses profissionais, que atendem nove estudantes indígenas matriculados no

Ensino Médio. Além da cidade de Aragarças, também há professores intérpretes da

língua materna indígena na rede estadual regular urbana de ensino na Cidade de

Goiás e em Goiânia.

Educação indígena e quilombola na rede

A rede

estadual de ensino tem 11.030 estudantes matriculados no campo, entre indígenas,

campesinos e quilombolas. São 186 estudantes indígenas, que pertencem às etnias

Tapuia (55 matriculados), Iny ou Karajá (total de 31), Avá-Canoeiro e Tapirapé

(oito), Xavante, Chiquitano, Jagüma e Xinguano (92 matriculados).

Existem,

ainda, três unidades estaduais específicas de Educação Indígena, localizadas

nas cidades de Aruanã (etnia Iny ou Karajá), Rubiataba (Tapuia) e Minaçu

(Avá-Canoeiro).

Os

estudantes quilombolas correspondem a um total de 2.396 estudantes – 977 deles

estão matriculados em áreas rurais em cinco escolas e 13 extensões

quilombola-Kalunga nas cidades de Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina

de Goiás. Outros 1.419 estudam em uma extensão e três unidades estaduais

urbanas de Aparecida de Goiânia, Professor Jamil e Uruaçu.

Escola Família Agrícola

As três Escolas Família Agrícola de Goiás têm

205 matriculados em cursos técnicos profissionalizantes de Agropecuária, que

seguem um modelo baseado na pedagogia da alternância. São 87 alunos na Efau, provenientes

dos municípios goianos de Crixás, Mundo Novo, Uirapuru, Nova Crixás,

Mozarlândia, São Miguel do Araguaia, Bonópolis, Campinaçu e Araguapaz, e de  Cocalinho, no Mato Grosso.

A Efago possui 38 estudantes matriculados.

Seu público principal vem de assentamentos rurais de Goiás, Itapuranga,

Araguapaz, Itapirapuã, Goiânia, Trindade, Guapó, Baliza, Faina e de Cocalinho,

no Mato Grosso. Já a Efaori atende 80 jovens de Orizona, Vianópolis, Luziânia,

Varjão, Padre Bernardo e Bonfinópolis.